Crescimento de 20% no microcrédito na região Sul e 80 mil novas vagas formais em SC
- Djenifer May
- 30 de set.
- 4 min de leitura
O cenário econômico brasileiro revela sinais promissores para quem empreende na base da pirâmide. Enquanto o mercado de trabalho formal em Santa Catarina demonstra vitalidade, com a criação de mais de 80 mil vagas no primeiro semestre, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o setor de microfinanças também registra expansão significativa como peça fundamental para pequenos negócios.
R$ 422,6 milhões em microcrédito somente na região Sul
As operações de microcrédito alcançaram R$ 422,6 milhões distribuídos em aproximadamente 48,5 mil contratos para a região Sul do país, durante os primeiros seis meses do ano.
O balanço é da Associação das Instituições de Microcrédito e Microfinanças da Região Sul do Brasil (Amcred-Sul) e revela um crescimento robusto de 20,97% em relação ao mesmo período do ano passado.
“Esse índice reflete a força do empreendedorismo na região Sul, em especial, em Santa Catarina”, avalia Paulo José Fiamoncini, que é presidente da Acredite de Rio do Sul (SC) e presidente do Sindicato do Comércio Varejista do Alto Vale do Itajaí.
Segundo ele, o movimento é bastante perceptível também no Alto Vale do Itajaí, com a procura de alternativas de crédito acessíveis e desburocratizadas.
“Fatores como a retomada econômica, a necessidade de capital de giro e o desejo de investir em modernização têm impulsionado essa demanda”, aponta Fiamoncini.
“Além disso, o modelo do microcrédito, que une crédito orientado e acompanhamento próximo, traz segurança ao empreendedor e aumenta a confiança na tomada do recurso”.
Santa Catarina entre os seis estados que mais geram empregos
Paralelamente, o mercado formal catarinense também apresenta dados animadores. Os setores de comércio e serviços lideraram a criação de postos de trabalho, respondendo por 37.976 novas oportunidades.
O número representa quase metade das vagas abertas em Santa Catarina e essa performance coloca o estado entre os seis que mais geraram empregos formais no país, superando expectativas para um montante populacional que ocupa a décima posição nacional.
Joinville é a cidade que lidera a criação de vagas no setor de comércio e serviços, com 4,7 mil posições, conforme a Fecomércio SC. Cidades como Chapecó, Florianópolis e São José completam o ranking das localidades que mais contribuíram para o resultado positivo.
Os indicadores podem apontar um fenômeno animador: ao mesmo tempo que o mercado formal está em expansão, a busca por microcrédito também cresce. Significa que há oportunidades tanto para quem busca emprego, quanto para quem deseja empreender.
R$ 6,4 bilhões injetados na economia regional
Desde 2006, quando a Amcred-Sul iniciou suas atividades, o ecossistema de microfinanças na região já injetou impressionantes R$ 6,4 bilhões na economia.
Os recursos, distribuídos em uma média de R$ 8,7 mil por operação, atendem justamente aquele perfil de empreendedor que busca dar os primeiros passos ou expandir negócios já estabelecidos.
Para Fiamoncini, os valores representam muito mais que crédito, mas também geração de renda, manutenção de empregos e fortalecimento da economia local.
“Na Acredite, percebemos claramente esse efeito multiplicador”, revela ele.
“Cada real aplicado no microcrédito movimenta cadeias produtivas, fomenta o comércio e serviços e dá oportunidade a quem, muitas vezes, não teria acesso ao crédito tradicional. São pequenos investimentos que fortalecem o desenvolvimento regional e melhoram a qualidade de vida das famílias”.
As pesquisas demonstram ainda a persistência do micro e pequeno empresário no Sul do país, que continua empreendendo mesmo diante do cenário de juros elevados, no patamar mais alto em quase duas décadas.
Migração impulsiona diversificação do mercado
Outro dado relevante do Caged é que 10% das vagas no comércio e serviços foram preenchidas por estrangeiros, reflexo do movimento migratório que posiciona Santa Catarina como principal destino de novos residentes no Brasil.
A diversificação populacional pode representar novas oportunidades para o microcrédito, considerando que muitos migrantes optam pelo empreendedorismo como forma de estabelecimento econômico.
A Acredite tem atendido migrantes que buscam empreender em Santa Catarina e, nestes casos, uma das principais vantagens é a inclusão, com foco no potencial de negócio e disposição para empreender.
“Para esse perfil, muitas vezes em processo de adaptação, o crédito orientado é ainda mais importante, pois ajuda não só com o recurso financeiro, mas também com a gestão”, comenta Fiamoncini. “As linhas indicadas variam conforme a necessidade, seja capital de giro, compra de equipamentos ou estruturação inicial”.
Perspectivas otimistas
Enquanto o país gerou 1,2 milhão de vagas formais no semestre, o microcrédito regional cresce consistentemente, sugerindo que ambos os caminhos, emprego formal e empreendedorismo, são complementares na economia atual.
Mais uma vez, o microcrédito assume o papel essencial para o desenvolvimento econômico e, na opinião do presidente da Acredite, as perspectivas para o segundo semestre são bastante positivas. Ele ressalta que o pequeno empreendedor continua apostando na inovação e diversificação.
“Esperamos manter um crescimento consistente no segundo semestre, acompanhando a confiança do empreendedor e a necessidade de crédito acessível”, adianta ele.
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